O quadro de desordem
social que o Estado do Espírito Santo no Brasil enfrenta, nos faz refletir
sobre as condições sociais das pessoas que, aproveitando-se da fragilidade no
policiamento ostensivo por parte da polícia, iniciou uma série de furtos,
roubos e homicídios, numa nítida mudança comportamental e de paradigma de que,
só cometem crimes os menos favorecidos ou os criminosos habituais.
Em qualquer sociedade do
mundo, por mais eficientes que sejam as suas normas de conduta, estruturadas e
aparelhadas as suas instituições jurídicas, vamos encontrar comportamentos de
desvios, como um verdadeiro fenômeno universal. O comportamento anômico que se
revelou no Espirito Santo é um fenômeno que sempre existirá em qualquer
sociedade pós-moderna e consumista.
A Divisão do Trabalho
Social de Durkheim que foi o primeiro a usar a palavra "anomia" numa clara tentativa de explicação de certos fenômenos sociais, desenvolveu seu pensamento
na sociedade moderna que para poder atingir os seus fins, inclusive de produção
e sobrevivência, precisava organizar-se,
sendo que, a organização impõe divisão de trabalho ou tarefas; a divisão de
tarefas produz especialização; a especialização ocasiona isolamento dentro do
grupo, motivando, por sua vez, um enfraquecimento do espírito de solidariedade
do grupo global; o enfraquecimento desse espírito de solidariedade acarreta uma
influência dissolvente e, por via de consequência, o comportamento de desvio.
“A medida que o grupo
cresce (...) na mesma medida, a unidade direta, interna, do grupo contra os
outros se afrouxa e a rigidez da demarcação original contra os outros é
amaciada através das relações e conexões mútuas. Ao mesmo tempo, o indivíduo
ganha liberdade de movimento, muito para além da primeira delimitação ciumenta.
O indivíduo também adquire uma individualidade específica para a qual a divisão
do trabalho no grupo aumentado dá tanto por ocasião quanto por necessidade.
(...) A vida de cidade pequena na Antiguidade e na Idade Média erigiu barreiras
contra o movimento e as relações do indivíduo no sentido exterior e contra a
independência individual e a diferenciação no interior do ser individual.
Essas barreiras eram tais
que, o homem moderno não poderia respirar. Mesmo hoje em dia, um homem
metropolitano que é colocado em uma cidade pequena sente uma restrição
semelhante, ao menos, em qualidade. ”
Partindo de uma análise,
em toda sociedade existem metas culturais a serem alcançadas, entendendo-se
como tais os valores socioculturais que norteiam a vida dos indivíduos. e
querem atingir esses objetivos e metas segundo os meios que lhes são propostos
pela própria sociedade.
A Teoria das Estruturas
Sociais de Robert Merton, contudo, demonstra que os meios existentes não são
suficientes nem estão ao alcance de todos, acarretando, assim, um desequilíbrio
entre os meios e os objetivos a serem atingidos.
Esse desequilíbrio entre
os meios e as metas ocasionaria o comportamento de desvio individual (ou
coletivo), pois o indivíduo no empenho de alcançar as metas que lhe foram
sugeridas e não dispondo de meios para tal, buscaria outros meios, mesmo que
contrários aos interesses sociais e às leis vigentes, gerado pelas
oportunidades.
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