O hooliganismo é um fenômeno histórico correlato ao
desenvolvimento do futebol profissional e se manifestou, com
intermitências, no decorrer do século XX. Ele adquiriu visibilidade
internacional a partir da Grã-Bretanha, em fins da década de 1960, logo
após a realização da Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966, e se difundiu
ao longo do decênio de 1970 na Europa continental. A sistematização da
lógica de confrontos grupais juvenis ocorreu graças à regularidade das
competições futebolísticas europeias, que permitiam encontros tanto em
âmbito clubístico quanto em nível de selecionados nacionais.
Desde a década de 1980, com a ocorrência de tragédias de impacto midiático – Heysel (1985) e Hillsborough (1989), para citar as mais dramáticas – autoridades e forças repressivas na Europa têm envidado esforços no sentido de conter os embates, de punir e de impedir a entrada de grupos de torcedores que constituem potencial ameaça à “ordem” dos espetáculos esportivos. Junto ao crescente processo de penalização e de repressão, políticas de higienização, gentrificação e modernização dos estádios completam esse quadro de asfixia e afastamento dos atores “indesejados” do futebol, com estratégias de limitação no interior das arenas remodeladas.
O remodelamento dos estádios e a onda sensacionalista difundida pelos meios de comunicação de massa acerca do estereótipo “hooligan” têm instigado a Academia a compreender e explicar em bases científicas as motivações antropológicas, sociológicas e políticas associadas ao comportamento torcedor. Desde a publicação em língua portuguesa de Quest for excitement (1986), no ano de 1994, o público brasileiro tem tido acesso às teorizações e às conceituações de Norbert Elias não apenas sobre a sociologia do esporte como, em particular, sobre o caso do hooliganismo na Grã-Bretanha.
Nesse sentido, a iniciativa pioneira do primeiro Simpósio Internacional Hooliganismo e Copa de 2014, organizado pela professora Heloísa Reis, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), foi extremamente feliz ao trazer para o Brasil, em abril de 2011, o sociólogo Eric Dunning, coautor, com Elias, de A busca da excitação. Trata-se de um dos mais abalizados estudiosos da violência torcedora sob o prisma eliasiano. Se hoje inúmeros outros estudos têm sido feito nesse campo, permitindo rever e até mesmo refutar postulados e conceitos formulados pela dupla Elias-Dunning, sua vinda possibilitou a abertura de um debate no Brasil em termos mais amplos e numa perspectiva que permite comparações entre diferentes realidades nacionais.
Desde a década de 1980, com a ocorrência de tragédias de impacto midiático – Heysel (1985) e Hillsborough (1989), para citar as mais dramáticas – autoridades e forças repressivas na Europa têm envidado esforços no sentido de conter os embates, de punir e de impedir a entrada de grupos de torcedores que constituem potencial ameaça à “ordem” dos espetáculos esportivos. Junto ao crescente processo de penalização e de repressão, políticas de higienização, gentrificação e modernização dos estádios completam esse quadro de asfixia e afastamento dos atores “indesejados” do futebol, com estratégias de limitação no interior das arenas remodeladas.
O remodelamento dos estádios e a onda sensacionalista difundida pelos meios de comunicação de massa acerca do estereótipo “hooligan” têm instigado a Academia a compreender e explicar em bases científicas as motivações antropológicas, sociológicas e políticas associadas ao comportamento torcedor. Desde a publicação em língua portuguesa de Quest for excitement (1986), no ano de 1994, o público brasileiro tem tido acesso às teorizações e às conceituações de Norbert Elias não apenas sobre a sociologia do esporte como, em particular, sobre o caso do hooliganismo na Grã-Bretanha.
Nesse sentido, a iniciativa pioneira do primeiro Simpósio Internacional Hooliganismo e Copa de 2014, organizado pela professora Heloísa Reis, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), foi extremamente feliz ao trazer para o Brasil, em abril de 2011, o sociólogo Eric Dunning, coautor, com Elias, de A busca da excitação. Trata-se de um dos mais abalizados estudiosos da violência torcedora sob o prisma eliasiano. Se hoje inúmeros outros estudos têm sido feito nesse campo, permitindo rever e até mesmo refutar postulados e conceitos formulados pela dupla Elias-Dunning, sua vinda possibilitou a abertura de um debate no Brasil em termos mais amplos e numa perspectiva que permite comparações entre diferentes realidades nacionais.
Os megaeventos esportivos que se avizinham estão a exigir, além das obras esperadas, o conhecimento científico de uma realidade tão complexa como a da filiação clubística e a da passionalidade torcedora no mundo contemporâneo. Este evento é uma oportunidade de, com devida antecedência, colocar este tema na agenda científica nacional.
Fonte: FGV - Bernardo Buarque de Holanda
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